14 de mar. de 2008

Mão inglesa


Não é novidade para ninguém que na Inglaterra a mão de direção é o inverso da maioria do resto do mundo. É como se eles estivessem andando sempre na contramão. Sendo assim, o título do post é o mais adequado para falar sobre uma rede de varejo londrina.
Argos é uma rede de varejo que pratica preços baixos e surpreende seus clientes que a visitam pela primeira vez. Na loja não têm produtos. Os clientes fazem suas escolhas através do catálogo, pagam no caixa ou em uma máquina de cartão de crédito e depois vão para uma fila com uma senha aguardar a entrega do seu produto.

Analisando essa característica, se ao comprar o cliente recebe a influência de um ambiente projetado para provocar boas experiências, em uma situação oposta não é muito diferente. Para a brasileira Flavia Baptistini, por exemplo, a sensação causada pela loja não foi muito agradável: "Eu precisei de ajuda para conseguir comprar um adaptador na primeira vez que entrei lá, de tão boquiaberta que fiquei. Me senti roubada. Roubaram um pedaço do meu prazer em comprar, o prazer de ver, pegar, cheirar, ligar para amiga para pedir opinião, comparar marcas, cores ou preços."


Não sei se os ingleses têm essa mesma sensação, porque a loja é um sucesso entre eles. O que pode-se dizer é que entre os consumidores que querem mais que um simples produto, a loja causará sempre uma frustração, pois a venda através de cátalogos provoca uma experiência muito mais racional. E assim, acredito eu, a Argos perde a oportunidade de criar vínculos e se relacionar com seus clientes além do simples ato da compra.

Informações e fotos obtidas no Blog do GP

6 comentários:

Marcelo Reggiani - 7DGN disse...

Eu viajei pra Londres em julho passado e tive a oportunidade de conhecer a Argos. O grande diferencial da loja são os preços, que são muito baratos, e a praticidade de levar o catálogo pra casa, escolher e depois passar na loja pra pagar e levar na hora. É como se fosse uma compra pela net, só que vc não precisa esperar até o produto chegar na sua casa.
Tem argos por toda Londres e elas ficam sempre lotadas. Parece que a loja não tem preocupação nenhuma em criar nenhum vìnculo afetivo. Tem catálogo espalhado por toda a loja, nas prateleiras, não chão, é uma zona. Na verdade as lojas são feitas mesmo só para você retirar o produto e pagar.
Concluindo, gostei muito da proposta da loja, é ótima pra quem quer apenas comprar. Os aspectos de design deixam a desejar, mas são compensados pelo preço.

D. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
D. disse...

Que bom ter um depoimento!

/Mas os produtos só estão disponiveis por catalogo, quero dizer, nao há nehuma forma de conhece-los antes?

A Avon sempre vendeu assim, a Natura tambem. Comparem com a Boticário que sempre teve lojas.
Afinal, o ambiente pesa ou nao nas escolhas?

Eu compro muito porcatálogo - na internet - me baseio nas Marcas e nas opiniões de consumidoras do produto. Um ótimo exemplo é o site da Sacks www.sacks.com.br

Vocês acham que uma loja destas funcionaria aqui no Brasil? Em BH?

Sempre detestei esperar pelo produto, é um ponto desfavorável, mas se o preço compensar e os produtos tiverem qualidade, até prefiro. Mas todos são como eu?

Marcelo Reggiani - 7DGN disse...

Só dá pra ter contato com o produto pelo catálogo mesmo. Mas a grande maioria dos produtos são de marcas conhecias e você provavelmente consegue vê-los em outras lojas.

Acho que esse tipo de loja funcionaria por aqui sim. É muito prático.

D. disse...

Outra pergunta:

para que uma loja? Por que alguem se da ao trabalho de se deslocar fisicamente para ver um catálogo?
Não faz o menor sentido para mim, em especial em Londres.

D. disse...

Outro ponto importante: a loja nao tem foco no valor afetivo, mas as marcas sim!

Por isso este investimento crescente em lojas próprias, onde as marcas podem se diferenciar e criar conexões emocionais com seu público.